O Centro da Sociedade Israelita Pelotense, surge em 04 de agosto de 1933, decorrente da fusão de 3 entidades anteriormente existentes em Pelotas: O Centro Israelita Pelotense, a Sociedade Israelita de Pelotas e a Comunidade Sefaradi de Pelotas e passa a ocupar o casarão que já havia sido adquirido pela Sociedade Israelita, na rua Santos Dumont, outrora rua Marquês de Caxias esquina com rua 16 de Julho, hoje rua Doutor Cassiano.
Naquela época a comunidade judaica pelotense era formada principalmente por comerciantes de móveis e tecidos, os quais nos primórdios de 1920 iniciaram em Pelotas basicamente na condição de mascates e, à medida que iam prosperando abriam suas “lojas”, preferencialmente na rua General Osório. Inicialmente pequenos becos de porta e janela, onde nos fundos da loja muitas vezes eram fabricados os produtos que após eram vendidos nas peças da frente, ainda mais ao fundo, normalmente ficava a residência da família.
Assim, inicialmente a colonização dos imigrantes judeus foi formada principalmente por aqueles oriundos das colônias de Phillipson e de Quatro Irmãos, e pelos que aqui chegavam via Porto de Rio Grande e aos poucos, ajudando-se uns aos outros iam crescendo, situação que se manteve até os anos de 1940.
A partir daí podemos dizer que o perfil da coletividade foi aos poucos se modificando, os filhos desses imigrantes, em função da relativa tranquilidade social, e muitas vezes devido ao extremo zelo de seus pais, tornaram-se médicos, dentistas, engenheiros, advogados, magistrados, buscando exercer funções que lhes proporcionassem uma melhor posição social.
Apesar de integrarem-se e assimilarem-se à sociedade pelotense mais ampla, mantiveram sua identidade religiosa e sobretudo cultural, vistas por eles como marcas de diferenciação étnica. Essa consciência pronunciada de identidade, faz com que seja possível pensar em um destino comum. A cultura, entendida como tradição, foi o ponto de união entre judeus que tiveram origens, idiomas e, muitas vezes, vivências bastante diferenciadas, constituindo uma realidade multifacetada. Através da memória coletiva perpetuaram valores éticos, manifestações artísticas, gostos e sabores (culinária), além do relacionamento com o Estado de Israel.
Cabe ressaltar, entretanto, que Pelotas nunca teve um rabino, apesar de ter tido uma escola judaica, biblioteca e uma cooperativa de crédito.
Pelotas também possui um Cemitério Israelita, onde repousam os que aqui viveram. Ao olharmos os registros e as lápides dos túmulos certamente encontraremos sobrenomes bastantes conhecidos sem sequer relacionarmos com seus descendentes, muitos hoje em Porto Alegre. A Sociedade em vista disso, num processo de recuperação do Cemitério Israelita de Pelotas, pretende muito em breve, disponibilizar para consulta, não só os nomes daqueles que aqui repousam, como procurar reconstituir aqueles túmulos que se encontram parcialmente destruídos, em função de ações de vândalos somados ao abandono e falta de cuidado por parte de seus descendentes. Uma quantia significativa já foi disponibilizada por alguns associados neste sentido, mas que são insuficientes para o que se pretende em termos de restauração.
Neste contexto de mais de 100 anos de existência de judeus em Pelotas, a integração social ocorreu sendo que, em diversas oportunidades judeus oriundos de outros lugares foram laureados com o título de Cidadãos e Cidadãs Pelotenses, os filhos destes primeiros imigrantes notabilizaram-se não só em suas Faculdades, como posteriormente Universidades, como também em suas atividades liberais ou comerciais ou em outros grupos sociais, como clubes, lojas maçônicas ou associações profissionais, o que significaram homenagens com nome de ruas, diretórios acadêmicos e postos de saúde.
Esta tranquilidade e aceitação, permitiram que muitos de seus membros não se voltassem tão somente as relações entre si, mas no sentido de construção de vínculos junto à comunidade da cidade, sendo que desde a muito seus membros participam em Conselhos Municipais, Clubes de Serviço e movimentos sociais lado a lado com outros personagens das mais diversas origens.
Cabe ressaltar, que a Sociedade faz parte de pelo menos dois grupos que trabalham a questão de mútuo respeito e busca da Paz, quais sejam o Comitê Municipal de Diversidade Religiosa e o Conselho Estadual de Ensino Religioso/RS, através de sua seccional Pelotas.
Outro fato decorrente desta integração é o elevado número de casamentos mistos, seja com processos de conversão ou não, o que muitas vezes acaba se tornando um empecilho para aceitação de ideias dos ramos judaicos mais ortodoxos, da mesma forma, passadas três ou quatro gerações.
Nos dias de hoje, nota-se um interesse significativo pelo retorno ao judaísmo, bem como observa-se um crescente número de indivíduos que pesquisando suas origens se identificam como Anussim e procuram a Sociedade para uma aproximação com seus valores ancestrais.
A Sociedade, entretanto, orienta aqueles que querem um efetivo retorno ao judaísmo, para que busquem um rabino em comunidades maiores para realização dos trâmites necessários para a conversão mas está de portas abertas para todos que queiram participar de suas atividades e festas e que busquem tirar suas dúvidas..